Madrid surpreende, sempre
Como eu já contei nesse post, a coisa mais bacana do blog é a troca de ideias e as pessoas que eu conheço através dele. O Arnaldo é uma das pessoas que conheci por meio deste espaço, mas tenho certeza que nossa amizade não se restingirá a ele.
Para quem gosta de cultura e boa prosa, recomendo muito o blog dele, o Baú de Tranqueiras, com textos que são uma delícia de ler! Para ter uma ideia do que se encontra por lá, o Arnaldo escreveu um post com suas dicas de Madrid aqui pro meu blog – e as fotos são dele também. Muito obrigada, Arnaldo.
Ah! Esse post faz parte da seção “Dica do/a brasileiro/a”, ou seja, a sua dica! Se você tiver sugestões sobre a cidade, pode me escrever!
Madrid surpreende, sempre
Nosso turismo se divide em duas partes. A principal é gastronômica. A outra é musical, nesta ordem. Por isso, quando viajamos, a Clélia e eu, fazemos nossos planos baseados no que e onde iremos almoçar. A partir daí, as atrações turísticas, como museus, parques, monumentos, devem se encaixar no nosso planejamento. Para a noite, a regra é sempre combinar o local do jantar a algum evento musical ou teatro.
Gostamos tanto da alta quanto da baixa gastronomia. Mais do que a questão do ambiente ou da decoração, que também nos seduz, o que realmente importa é a qualidade da comida. E,neste aspecto, a única limitação que nos permitimos é aquela imposta pelo nosso orçamento. De qualquer forma, como, muitas vezes, enveredamos pelo caminho da comida de rua, aquela boa e barata, podemos nos dar ao luxo de extravasar um pouco, desde que a média não fira nossos valores (os financeiros e os filosóficos).
Por tudo isso, um lugar que nos encanta é Madrid. Já visitamos a cidade duas vezes, uma no inverno e outra no verão e, a sensação que temos é que, se voltarmos mil vezes, iremossempre conseguir provar algo diferente, inusitado. Lá é possível comer a comida de qualquer região da Espanha. A comida galega, a andaluza, a catalã, a basca. É possível regalar-se com maravilhosos tira-gostos (as famosas tapas), espremido no balcão de um bar lotado ou deleitar-se com criativos pratos em restaurantes especiais.
Quanto à segunda parte, gostamos de ouvir música. Escolhemos os lugares para ouvir e não para dançar, para bater papo ou para agitar. Nosso negócio não é balada. É música. E, nesse quesito, o local que mais nos agrada, em Madrid, é o Café Central, perto da Plaza Santa Ana. Foi lá que pudemos ver e ouvir, nas duas visitas que fizemos à cidade, um excelente violinista andaluz, original da cidade de Cadiz, chamado Nono García. Com uma pegada flamenca, ele digere as mais variadas influências, inclusive da música brasileira, da qual confessou ser ardoroso fã, na conversa que tivemos no intervalo do show. Quantas vezes eu voltar a Madrid, tantas vezes irei ouvir música no Café Central.
Uma coisa de que não gostamos é a sensação de ser turista. Gostamos de nos sentir viajantes, de experimentar a vida real, fazer as coisas que faz o povo do lugar em que estamos. Para isso, sempre tentamos conhecer lugares e fazer programas que os turistas típicos não fazem e não conhecem. E nessa última viagem, acabamos fazendo uma coisa que nenhum turista faz (aliás, pouquíssimos locais fazem, também). O que fizemos foi, no auge do verão madrileño, acordar muito cedo e sair pra caminhar na cidade.
O sol castiga muito as pessoas em Madrid, no verão. Por isso, a cidade ferve à noite. Assim, as pessoas ficam na rua até altas horas da madrugada e acordam bem tarde no dia seguinte. Com isso, acabam sem saber que estão perdendo uma luz maravilhosa quando o sol começa a invadir as ruas da cidade. Então, num determinado dia, acordamos às 6 da manhã e saímos à rua sem mesmo tomar o café, já que nem o restaurante do hotel estava funcionando, ainda. Percorremos a Puerta del Sol, Opera, Plaza Mayor , Calle de Preciados, locais que, durante todo o dia, estão apinhados de gente e, neste horário, estavam completamente vazios.
Como testemunhas, apenas os funcionários da empresa que faz a limpeza das ruas e os entregadores de bebidas dos bares e restaurantes. E o sol, é claro. O mesmo sol que vai castigar a todos, turistas e locais, durante as próximas horas do dia.
Larissa, como sempre, muito generosa.